segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

Japoneses buscam no ABC parcerias em ferramentaria

Por Odete Machado -Consórcio Intermunicipal do G. ABC


A capacidade técnica para confecção de peças no Brasil foi um dos aspectos positivos observados pelo professor da Hosei University Japan, Toshiyuki Baba,durante a palestra “The International Competitiveness of Die and Mold Industry in Japan, China and Korea”, na tarde da sexta-feira (20), na sede do Consórcio Intermunicipal Grande ABC. Segundo ele, há grande interesse dos japoneses em formar parcerias com as indústrias de ferramentaria brasileiras e, consequentemente, do ABC, quarto maior mercado do setor no País.
Toshiyuki Baba ministra palestra. Foto: Divulgação CIGABC
O encontro, que contou com a participação de empresários do setor industrial do ABC, universitários e gestores públicos, integra a série de ações da Agência de Desenvolvimento Econômico do Grande ABC, braço do Consórcio para assuntos ligados à área econômica, e o Arranjo Produtivo Local (APL) de Ferramentaria do Grande ABC, visando fortalecer o mercado regional com estímulos à inovação e competitividade.

Segundo o professor Toshiyuki Baba, especialista no tema, o setor de ferramentaria japonês tem perdido espaço no cenário mundial. Embora ofereça produtos de alta qualidade, a competitividade vem caindo continuamente. Baba relata que os japoneses sempre deram atenção especial para o setor, mesmo durante o período feudal do século XIX. “As espadas dos samurais já exigiam a prática da ferramentaria”, contou.

Baba deu destaque para os benefícios presentes na criação de cursos. Essa “marca brasileira”, como classificou o sistema de ensino, não existe no Japão. “No Japão você aprende na prática, não existe escola ou curso específico para o aprendizado. Neste quesito temos muito a aprender com vocês. A vantagem na formação da mão-de-obra está na qualidade técnica”.

Ele defendeu uma maior aproximação entre as duas nações para lidar com a crescente expansão dos chineses. “Embora sejamos um país distante, devemos unir forças para desenvolver a indústria da ferramentaria. Vamos pensar em estratégias para aumentar o retorno de nossa indústria, reduzindo a participação dos chineses no quadro de exportadores”, disse.

Os dados apresentados sugerem que a competitividade da ferramentaria brasileira está em baixa, reflexo do déficit na balança comercial. Para dimensionar a realidade brasileira, Baba chamou atenção para os principais mercados importadores de moldes e estampo do país. “A Argentina encabeça a lista como maior parceiro do Brasil na indústria de ferramentaria, mas a crise econômica pela qual o país vizinho passa tem afetado drasticamente sua receita, e nesse ritmo a China vem ocupando o espaço que antes pertencera ao Brasil”, analisou o professor, acrescentando que “em breve a China poderá se consolidar como maior importadora de equipamentos brasileiros”.

“Um ponto interessante é que apesar da baixa qualidade dos produtos chineses, não há registro de interferência na competitividade do dragão chinês, muito pelo contrário, a China vem expandindo seus horizontes com outros países e fortaleceu o mercado interno”, afirmou o professor.

Com o perfil diferenciado da China, os coreanos preferem vender ao invés de importar moldes e estampas. Essa é uma das razões pelo bom comportamento do balanço comercial da Coréia do Sul nas últimas décadas. “Os coreanos encaram a exportação como questão de sobrevivência. Eles aprendem desde cedo que é preciso pensar no mercado de forma global”, ponderou Baba.

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