quarta-feira, 23 de dezembro de 2015

A diferença entre dívida boa e ruim

Por Bruno Caetano, diretor superintendente do Sebrae-SP

Um dos piores pesadelos na vida do empreendedor é ter dívidas. Via de regra, significa que faltou dinheiro e ele teve de recorrer a terceiros para obter recursos para seu negócio. Mas nem sempre estar endividado é sinônimo de dificuldade. É preciso ter em mente que as características da dívida determinam se ela é a solução ou reflexo de problemas.

Quando a dívida é feita a fim de se obter verba para investir no desenvolvimento da empresa, temos uma situação positiva. Você toma valores emprestados e os usa para melhorar o negócio e os resultados. 

Podemos considerar ruins as dívidas contraídas para arcar com outras dívidas ou despesas operacionais que deveriam estar cobertas pelo capital de giro. Fica evidente a existência de um desequilíbrio capaz de comprometer o futuro do negócio.     


Para avaliar a qualidade do endividamento, comecemos pelos juros cobrados. Muitas vezes, o dono de uma micro ou pequena empresa usa o cartão de crédito e o cheque especial para financiar o negócio, modalidades com as taxas mais altas do mercado. Dispensável dizer o quanto essa conta vai encarecer em um eventual atraso no pagamento. O melhor seria procurar linhas de crédito específicas para cada necessidade e com juros menores. 

Os prazos de vencimento dos compromissos também fazem diferença. Geralmente, os de curto prazo têm taxas mais altas e demandam fôlego maior no caixa para a quitação. Se as pendências extrapolarem a capacidade de pagamento, a saúde da empresa está em risco. 

Uma maneira de checar a situação como um todo é calcular o índice de endividamento. Por meio dele, sabe-se quanto o empreendimento depende de empréstimos para funcionar. A conta é a seguinte: divide-se o total de passivos pelo total de ativos, multiplica-se o quociente por 100 e chega-se a um porcentual. Quanto maior o número obtido, maior o endividamento e a dependência da empresa de recursos de terceiros. O ideal é reduzir ao máximo o resultado. 

Como sempre, o planejamento faz toda a diferença. Ao contrair uma dívida de forma pensada e sem desespero, o empreendedor está capitalizando a empresa e abrindo a possibilidade de crescer. O crédito passa então a ser aliado e não vilão.

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