quarta-feira, 20 de dezembro de 2017

Empresas no Brasil estão mais otimistas, aponta pesquisa da Deloitte

Apesar de todos os desafios da economia, as empresas que participaram da Agenda 2018 – segunda edição de pesquisa que aponta as expectativas de gestores para suas organizações para este e o próximo ano – demonstram otimismo e estimam até o término de 2017 um crescimento de 14,8% em suas receitas líquidas, resultado maior do que os 12% projetados pelos respondentes da edição de 2016 do estudo para o mesmo período. Já para 2018, a expectativa de crescimento no faturamento dá um pequeno salto, chegando a 19%.

Outro dado positivo é que, como neste ano 21% das organizações devem registrar queda da receita líquida e, para 2018, apenas 4% estimam recuo no faturamento, 17% do total de empresas que participaram da pesquisa esperam voltar a crescer no ano que vem.

Como 2017 foi um ano desafiador para a realização de investimentos, muitas organizações optaram por fazê-lo de maneira estratégica e parcimoniosa. Enquanto as empresas abordadas para a edição de 2016 do levantamento indicavam para 2017 uma expectativa de aumento dos investimentos da ordem de 14%, em média, o esperado pela atual amostra da pesquisa para o mesmo período foi de um crescimento de apenas 11,8%.

Fato é que, apesar do recuo nas expectativas de alta dos investimentos entre as duas edições da pesquisa, as empresas estão obtendo um resultado – representado pelo crescimento efetivo da receita líquida – melhor do que esperado em relação à edição de 2016 do levantamento. Soma-se a esse panorama a perspectiva indicada pelas empresas desta edição do estudo de que, em 2018, os investimentos crescerão ainda mais: 15,8%, na média.

De acordo com a pesquisa, três a cada quatro empresas consideram fazer investimentos por identificar oportunidades relacionadas especificamente ao seu negócio, parcela maior do que a daquelas que apontam a expectativa da retomada da atividade econômica no Brasil como motivo para investir (que recebeu 63% de citações, em resposta aberta a múltiplas escolhas).

"Diante de um ano complexo, especialmente no primeiro semestre de 2017, as expectativas positivas que vinham de 2016 foram represadas. Entendemos que as empresas decidiram agir e assumir um protagonismo importante para tirar o País desse grave período recessivo em que estávamos vivendo. Percebemos também certo descolamento de aspectos da economia em relação a fatores políticos, que é o caso da opinião dos gestores sobre a eleição presidencial, como percebemos na pesquisa. É natural vermos a confiança e o otimismo crescerem, pois temos as condições de voltar a avançar. Afinal, mercado e potencialidades não nos faltam", afirma Ronaldo Fragoso, sócio-líder de Market Development da Deloitte.

Recorte qualificado
A Agenda 2018 foi elaborada com a participação de gestores de 750 empresas no país, representando 36 setores econômicos. A estimativa de receitas dessas organizações para 2017 soma R$ 1,779 trilhão em 2017, o equivalente a 26% do PIB nacional esperado para este ano.

Entre os executivos que participaram do levantamento, 71% enquadram-se no chamado “C-Level”, isto é, são CEOs, presidentes, vice-presidentes, conselheiros, superintendentes e diretores.

Atenção com a política

De acordo com a pesquisa, os gestores dessas empresas estão atentos aos desdobramentos da política nacional para que os resultados esperados efetivamente se materializem no ano que vem, especialmente em relação às chamadas “reformas estruturais” do País.

Em resposta à questão aberta a múltiplas respostas “Avalie o impacto no seu negócio em 2018 para cada um dos eventos abaixo”, os três fatores selecionados como os que têm potencial mais positivo na visão dos executivos foram: “aumento dos investimentos em infraestrutura” (com 93% de referências); “reforma tributária” (84%); e “reforma da previdência” (70%). É interessante notar que o evento “eleição presidencial no Brasil” surge nessa relação apenas na quarta posição de importância, com 43% de citações. O fator “aumento dos juros nos Estados Unidos” é apontado como o principal evento internacional que pode ter impacto negativo nos negócios em 2018, com 43% de citações.

Aposta na alta do consumo e no emprego
A pesquisa identificou uma aposta no crescimento do consumo e, consequentemente, na continuidade de uma retomada gradual da economia. Entre os gestores participantes, 56% preveem que suas empresas devem lançar novos produtos ou serviços em 2018, um aumento de 11 pontos percentuais em relação aos 45% que indicaram esta intenção na edição de 2016 do levantamento. Recebeu 40% (mesmo percentual da pesquisa do ano passado) de citações a esperada substituição de máquinas e equipamentos.

As perspectivas empresariais também são mais positivas em relação à oferta de emprego, de acordo com o atual estudo. Segundo os dados da pesquisa, um total de 41% das empresas participantes demonstrou intenção de ampliar o número de funcionários em 2018 (no levantamento passado, essa mesma expectativa em relação a 2017 foi citada por apenas 26% das organizações). Para o ano que vem, 47% pretendem manter seu quadro funcional (ante 58% na pesquisa realizada em 2016) e 12% estimam reduzir a quantidade de empregados (16% no estudo anterior).

Vale destacar também a perspectiva de ampliação dos treinamentos oferecidos aos funcionários (questão sugerida por 45% das organizações). Quatro em cada cinco empresas relacionadas no estudo indicaram pretender manter os atuais benefícios aos seus colaboradores.

Setores de destaque
O setor de destaque em estimativas de resultados para suas receitas em 2018 é o de Atividades Financeiras. Enquanto a previsão de avanço médio agora em 2017 é de 17,3%, para o próximo ano, a expectativa cresce para 27%. A segunda área de destaque em resultados esperados para o ano que vem é a de Serviços Prestados às Empresas – segmento econômico com importante participação de organizações de pequeno e médio porte –, que avança de um incremento de receitas previsto de 9,4% neste ano para 21% no próximo.

Ainda acima da média de crescimento de vendas apurada pela Agenda 2018 está o setor de Construção e Serviços de Construção, que, para o fechamento de 2017, aponta para um avanço de 13% nas receitas e projeta 20% de alta de receitas no ano seguinte.

Já quando o tema é investimento privado, o destaque fica com a área agregada de Petróleo, Gás, Mineração e Energia Elétrica, que prevê aportes 21% maiores na comparação 2016/2017 e projeta essa expectativa para 32% na relação 2017/2018. Forte também está a Indústria Farmacêutica e Química, que, neste ano, avalia que seus investimentos cresçam apenas 1%, mas projeta para 2018 alta de 15% nesse quesito.

Destaque regional
As empresas da Região Nordeste estimam ter, em 2018, um crescimento de receita líquida de 23% em relação ao ano anterior – quase 10 pontos percentuais acima dos 13,4% esperados por organizações dessa região para 2017 –, e acima da média geral das demais regiões do Brasil (19%).

Em relação a investimentos, as empresas da região têm a expectativa de ampliar os aportes em 8% neste ano e em 19% em 2018 – um dos valores mais expressivos levantados no País neste levantamento.

Capitalização e IPOs
Em relação à captação de recursos para o crescimento e os investimentos previstos pelas companhias, a tendência é a de que a fonte de capital mais utilizada continue sendo bancos de varejo, seguida por recursos obtidos no Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Aportes dos proprietários, do grupo controlador e de fundos de investimento completam a lista.

Já a trajetória ascendente do mercado de capitais promete continuar. A B3 (Bolsa de Valores de São Paulo) registrou apenas duas ofertas iniciais de ações (Initial Public Offerings ou IPOs) em 2016, enquanto que, em 2017, já foram sete as aberturas de capital (mesmo número que havia sido indicado como expectativa pelas empresas participantes da edição anterior da pesquisa), podendo chegar a dez.

No universo das 750 companhias participantes, dez delas demonstraram interesse em realizar uma IPO em 2018. Isso significa que o mercado está mais atento às oportunidades da Bolsa e, mais do que isso, está se estruturando em termos de governança e comunicação com investidores, tendo a abertura de capital em vista, o que redunda em um mercado mais maduro e fortalecido como um todo.

As motivações apuradas no estudo para as empresas que pretendem se capitalizar reiteram que 2018 deve ser melhor do que os últimos anos no Brasil. Entre os respondentes que pretendem se capitalizar, eles o farão por acreditarem em melhores resultados para a sua empresa (60%) e na retomada da atividade econômica brasileira (51%).

Tecnologia em foco
Embora uma parte importante dos gestores das empresas participantes da pesquisa indique desconhecer algumas tecnologias emergentes, como blockchain (35%), smart cities (35%), indústria 4.0 (31%) e realidade virtual e aumentada (23%), esses elementos já são um fato e estão promovendo mudanças consideráveis nos negócios.

Um número significativo de organizações demonstrou ter o interesse, no médio prazo, de investir nesses vetores da transformação digital em curso. No topo da lista das tecnologias que devem receber recursos nos próximos dois anos estão Internet das Coisas (ou IoT, indicada por 19% dos respondentes), indústria 4.0 (17%), cyber security (17%) e analytics (16%).

Sobre a pesquisa
A Agenda 2018 foi elaborada com a participação de 750 empresas com presença no Brasil. Para 2017, as receitas estimadas por essas companhias – representantes de 36 diferentes setores econômicos – somam R$ 1,779 trilhão, o que equivale a aproximadamente 26% do PIB (Produto Interno Bruto, que é a soma das riquezas de um país) nacional projetado para este ano.

Entre os gestores que participaram do levantamento, 71% se enquadram na categoria conhecida como “C-Level” (formada por presidentes, vice-presidentes, conselheiros, superintendentes e diretores).

Para  mais informações acesse www.deloitte.com.br.



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